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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Acidentes por abelhas

A incidência dos acidentes por abelhas (himenópteros) é desconhecida, porém a hipersensibilidade provocada por picada de insetos tem sido estimada, na literatura médica, em valores de 0,4% a 10% nas populações estudadas. As reações alérgicas tendem a ocorrer preferencialmente em adultos e nos indivíduos profissionalmente expostos. Os relatos de acidentes graves e de mortes pela picada de abelhas africanizadas são conseqüência da maior agressividade dessa espécie
(ataques maciços) e não das diferenças de composição de seu veneno.

As abelhas africanas e seus híbridos com as abelhas européias são responsáveis pela formação das chamadas abelhas africanizadas que, hoje, dominam toda a América do Sul, a América Central e parte da América do Norte.

Ações do veneno

O veneno da A. mellifera é uma mistura complexa de substâncias químicas com atividades tóxicas como: enzimas hialuronidases e fosfolipases, peptídeos ativos como melitina e a apamina, aminas como histamina e serotonina entre outras. A fosfolipase A2, o principal alérgeno, e a melitina representam aproximadamente 75% dos constituintes químicos do veneno. São agentes bloqueadores neuromusculares. Podendo provocar paralisia respiratória, possuem poderosa ação destrutiva sobre membranas biológicas, como por exemplo sobre as hemácias, produzindo hemólise. A apamina representa cerca de 2% do veneno total e se comporta como neurotoxina de ação motora. O cardiopeptídeo, não tóxico, tem ação semelhante às drogas ß adrenérgicas e demonstra propriedades antiarrítmicas.

O peptídeo MCD, fator degranulador de mastócitos, é um dos responsáveis pela liberação de histamina e serotonina no organismo dos animais picados.

Apis mellifera: rainha, zangão e operária. (Foto: Acervo do Depto. Expl. Animal/FMVZ/UNESP)





Quadro clínico

As reações desencadeadas pela picada de abelhas são variáveis de acordo com o local e o número de ferroadas, as características e o passado alérgico do indivíduo atingido.

As manifestações clínicas podem ser: alérgicas (mesmo com uma só picada) e tóxicas (múltiplas picadas).

Manifestações

Locais

Habitualmente, após uma ferroada, há dor aguda local, que tende a desaparecer espontaneamente em poucos minutos, deixando vermelhidão, prurido e edema por várias horas ou dias. A intensidade desta reação inicial causada por uma ou múltiplas picadas deve alertar para um possível estado de sensibilidade e exacerbação de resposta às picadas subseqüentes.

Regionais

São de início lento. Além do eritema e prurido, o edema flogístico evolui para enduração local que aumenta de tamanho nas primeiras 24-48 horas, diminuindo gradativamente nos dias subseqüentes. Podem ser tão exuberantes a ponto de limitarem a mobilidade do membro. Menos de 10% dos indivíduos que experimentaram grandes reações localizadas apresentarão a seguir reações sistêmicas.

Sistêmicas

Apresentam-se como manifestações clássicas de anafilaxia, com sintomas de início rápido, dois a três minutos após a picada. Além das reações locais, podem estar presentes sintomas gerais como cefaléia, vertigens e calafrios, agitação psicomotora, sensação de opressão torácica e outros sintomas e sinais.

a) Tegumentares: prurido generalizado, eritema, urticária e angioedema.
b) Respiratórias: rinite, edema de laringe e árvore respiratória, trazendo como conseqüência dispnéia, rouquidão, estridor e respiração asmatiforme. Pode haver bronco-espasmo.
c) Digestivas: prurido no palato ou na faringe, edema dos lábios, língua, úvula e epiglote, disfagia, náuseas, cólicas abdominais ou pélvicas, vômitos e diarréia.
d) Cardiocirculatórias: a hipotensão é o sinal maior, manifestando-se por tontura ou insuficiência postural até colapso vascular total. Podem ocorrer palpitações e arritmias cardíacas e, quando há lesões preexistentes (arteriosclerose), infartos isquêmicos no coração ou cérebro.

Reações alérgicas tardias

Há relatos de raros casos de reações alérgicas que ocorrem vários dias após a(s) picada(s) e se manifestaram pela presença de artralgias, febre e encefalite, quadro semelhante à doença do soro.

Manifestações tóxicas

Nos acidentes provocados por ataque múltiplo de abelhas (enxames) desenvolve-se um quadro tóxico generalizado denominado de síndrome de envenenamento, por causa de quantidade de veneno inoculada. Além das manifestações já descritas, há dados indicativos de hemólise intravascular e rabdomiólise. Alterações neurológicas como torpor e coma, hipotensão arterial, oligúria/anúria e insuficiência renal aguda podem ocorrer.

Complicações

As reações de hipersensibilidade podem ser desencadeadas por uma única picada e levar o acidentado à morte, em virtude de edema de glote ou choque anafilático.

Na síndrome de envenenamento, descrita em pacientes que geralmente sofreram mais de 500 picadas, distúrbios graves hidroeletrolíticos e do equilíbrio ácido-básico, anemia aguda pela hemólise, depressão respiratória e insuficiência renal aguda são as complicações mais freqüentemente relatadas.

Exames complementares

Não há exames específicos para o diagnóstico. Exame de urina tipo I e hemograma completo podem ser os iniciais nos quadros sistêmicos. A gravidade dos pacientes deverá orientar os exames complementares, como, por exemplo, a determinação dos níveis séricos de enzimas de origem muscular, como a creatinoquinase total (CK), lactato desidrogenase (LDH), aldolases e aminotransferases (ALT e AST) e as dosagens de hemoglobina, haptoglobina sérica e bilirrubinas, nos pacientes com centenas de picadas, nos quais a síndrome de envenenamento grave, apresenta manifestações clínicas sugestivas de rabdomiólise e hemólise intravascular.

Tratamento

Remoção dos ferrões

Nos acidentes causados por enxame, a retirada dos ferrões da pele deverá ser feita por raspagem com lâmina e não pelo pinçamento de cada um deles, pois a compressão poderá espremer a glândula ligada ao ferrão e inocular no paciente o veneno ainda existente.

Dor

Quando necessária, a analgesia poderá ser feita pela Dipirona, via parenteral - 1 (uma) ampola (500 mg) em adultos e até 10 mg/kg peso - dose em crianças.

Reações alérgicas

O tratamento de escolha para as reações anafiláticas é a administração subcutânea de solução aquosa de adrenalina 1:1000, iniciando-se com a dose de 0,5 ml, repetida duas vezes em intervalos de 10 minutos para adultos, se necessário.

Nas crianças, usa-se inicialmente 0,01 ml/kg/dose, podendo ser repetida duas a três vezes, com intervalos de 30 minutos, desde que não haja aumento exagerado da freqüência cardíaca.

Os glicocorticóides e anti-histamínicos não controlam as reações graves (urticária gigante, edema de glote, broncoespasmo e choque), mas podem reduzir a duração e intensidade dessas manifestações. São indicados rotineiramente para uso intravenoso (IV) o succinato sódico de hidrocortisona, na dose de 500 mg a 1000 mg ou succinato sódico de metilprednisolona, na dose de 50 mg, podendo ser repetidos a cada 12 horas, em adultos, e 4 mg/kg de peso de hidrocortisona a cada seis horas nas crianças.

Para o alívio de reações alérgicas tegumentares, indica-se uso tópico de corticóides e uso de anti-histamínicos como, por exemplo, o maleato de dextroclorofeniramina, por via oral, nas seguintes doses: adultos - 1 comprimido (6 mg) até 18 mg ao dia; em crianças de dois a seis anos - até 3 mg/dia; em crianças de seis a 12 anos - até 6 mg/dia.

Manifestações respiratórias asmatiformes, causadas por bronco-espasmo podem ser controladas com oxigênio nasal, inalações e broncodilatadores tipo β2 adrenérgico (fenoterol ou salbutamol) ou com o uso de aminofilina por via IV, na dose de 3 a 5 mg/kg/dose, em intervalos de seis horas, numa infusão entre 5 a 15 minutos.

Medidas gerais de suporte

Manutenção das condições do equilíbrio ácido-básico e assistência respiratória, se necessário. Vigiar o balanço hidroeletrolítico e a diurese, mantendo volume de 30 a 40 ml/hora no adulto e 1 a 2 ml/kg/hora na criança, inclusive usando diuréticos, quando preciso.

Complicações

Como o choque anafilático, a insuficiência respiratória e a insuficiência renal aguda devem ser abordados de maneira rápida e vigorosa, pois ainda não está disponível, para uso humano, o soro antiveneno de abelha, não havendo maneira de neutralizar o veneno que foi inoculado e que se encontra na circulação sangüínea.

Métodos dialíticos e de plasmoferese devem ser instituidor em casos de Síndrome de Envenenamento.

Pacientes vítimas de enxames devem ser mantidos em Unidades de Terapia Intensiva, em razão da alta mortalidade observada.

Fonte: Vigilângia Epidemiológica

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

29/08/2010 - 22:08

Curso de aproveitamento do mel começa nesta segunda em Sorriso

Da Assessoria

Começa nesta segunda-feira (30) um curso de aproveitamento múltiplo do mel, em Sorriso. O curso vai até o dia 31 de agosto e as aulas serão das 14h30 às 17h30 e das 19h às 22h, na Rua Marechal Cândido Rondon, 2255.

O curso é destinado à apicultores, estudantes, donas de casa, padeiros, doceiros, buffet e os demais interessados. O investimento é de R$ 20 por participante. As vagas são limitadas. O curso será ministrado pela professora Natanagilda Celina Almeida Castrillon.

Depois de esclarecer os nutrientes do mel, os alunos vão aprender receitas doces e salgadas com subprodutos do mel como bolo de mel, pão de mel, cordeiro de mel, bombom de mel, porco com mel, entre outras iguarias.

Outras informações: (66) 3544 1677 e Sebrae de Sinop (66) 3531 5222.

domingo, 22 de agosto de 2010

MELIPONICULTURA

Meliponicultura é a atividade de criação racional de abelhas sem ferrão (Meliponíneos). Embora existam centenas de espécies no Brasil, as principais abelhas indígenas, conhecidas como sem ferrão, são a uruçu verdadeira, uruçu amarela, jataí, mandaçaia e tiuba amarela. O mel das abelhas sem ferrão é saboroso, diferenciado e reconhecido por suas importantes propriedades funcionais sobre a saúde humana. Através do trabalho de pesquisadores pioneiros, cada vez mais a meliponicultura vem sendo reconhecida como uma atividade capaz de fornecer uma significativa agregação de renda para diversas comunidades no país. Nesta seção estaremos explorando e divulgando conhecimentos atualizados neste tema, estimulando o crescimento e o sucesso da comunidade de meliponicultores brasileiros.

Para saber mais:

http://www.cpatu.embrapa.br/meliponicultura/
http://www.meliponicultura.com.br
http://www.webbee.org.br/
http://br.groups.yahoo.com/group/abena

Guia Ilustrado das Abelhas Sem Ferrão de SP
http://www.ib.usp.br/beesp/

Abelhas Nativas do Sul do Brasil
http://www.abelhanativasul.ideaplus.com.br/modules/mydownloads/index.php

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
LABORATÓRIO DE PESQUISAS BIOLÓGICAS
Profa. Betina Blochtein
betinabl@pucrs.br
Profa. Isabel Alves dos Santos
Prof. Klaus Hartfelder Bionomia dos Apoidea
Estudo dos processos de polinização por diferentes tipos de abelhas.
Ecologia e evolução dos Apidae
www.pucrs.br

Fonte: http://www.brasilapicola.com.br/amazonpec-2010-de-14-18-de-setembro-de-2010-belémpa?q=meliponicultura

sábado, 21 de agosto de 2010

CIÊNCIA
| HOMENAGEM
A arte do cientista
Desenhista e entomólogo, João Camargo criou a mais notável coleção de abelhas sem ferrão do país
© SILVIA REGINA DE MENEZES PEDRO
Em julho de 1999, Camargo desenha no Rio Negro observado por Menderson Mazucato (de avental branco), ex-técnico da FFCLRP-USP, exímio coletor de abelhas

Ciência e arte se reuniram por 48 anos na figura discreta de João Maria Franco de Camargo. Amigos, colegas pesquisadores e alunos não sabem o que falava mais alto – se os desenhos que saíam de seu bico de pena com a naturalidade de quem escreve bilhetes ou se o interesse e cuidado com que coletava e nomeava abelhas, seu objeto de estudo. Ele criou uma das melhores e maiores coleções de Meliponini neotropicais (abelhas sem ferrão), grupo no qual era especialista, e descreveu três novos gêneros e 86 espécies em colaboração com outros cientistas ou sozinho. Camargo morreu em setembro em consequência de câncer no pulmão, aos 68 anos, em Ribeirão Preto, onde trabalhava no Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP).

“O professor João Camargo foi o naturalista mais importante de nossa área no Brasil no século XX”, afirma a bióloga Vera Lúcia Imperatriz Fonseca, pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados da USP e coordenadora de um projeto temático financiado pela FAPESP sobre abelhas Meliponini. Essa qualidade era reconhecida por cientistas que conheceram seu trabalho. “Ele ajudou a colocar Ribeirão Preto na vanguarda dos lugares do mundo onde abelhas, especialmente as sem ferrão, são estudadas, identificadas e onde estudantes e colegas podem ir em busca de ajuda nas pesquisas sobre elas”, escreveu um dos grandes especialistas no tema, Charles Michener, professor emérito da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, em correspondência a João Atílio Jorge e Carlos Alberto Garófalo, da USP, quando soube da morte de Camargo.

Esses elogios ganham outro sabor quando se conhece a carreira desse entomólogo, nascido em Anhembi, interior paulista. Em 1961, Warwick Estevam Kerr, então professor de genética na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, abriu concurso para contratar um desenhista para o departamento. “Desenhista é importante para a biologia porque a fotografia não resolve tudo”, diz Kerr, de 87 anos, primeiro diretor científico da FAPESP (1962-1964), atualmente trabalhando como professor colaborador da Universidade Federal de Uberlândia. Camargo prestou concurso aos 20 anos e ganhou em primeiro lugar ao desenhar uma Melipona quadrifasciata (mandaçaia).




© DESENHO DE JOÃO MARIA FRANCO DE CAMARGO
Abelhas Centris leprieuri

O desenhista envolveu-se completamente com o estudo de abelhas e começou a ilustrar os trabalhos dos pesquisadores de Rio Claro e, depois, de Ribeirão Preto, para onde foi em 1965 quando Kerr se mudou para a USP. “Os desenhos melhoravam tanto meus próprios artigos que muitas vezes tive de colocá-lo como coautor, para ser justo”, testemunha o geneticista. “Ele foi especialmente importante numa época em que não havia facilidade para tirar fotografias ao microscópio”, conta Carminda da Cruz Landim, professora titular da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro.

Graças ao espaço aberto por Kerr, João Camargo começou a montar uma coleção de abelhas por ocasião de sua primeira expedição à região de Manaus. Foram os espécimes coletados lá, identificados pelo padre Jesus Santiago Moure – conhecido como um excepcional taxonomista –, que constituíram o embrião da atual coleção, sediada em Ribeirão Preto.

As expedições por todo o país, a coleção de abelhas e a publicação de trabalhos como pesquisador colaborador tornaram Camargo um cientista respeitado, mas sem título acadêmico. Em 1975, porém, ele foi aceito para cursar mestrado em entomologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR) com a orientação do padre Moure. Para tanto, foi formada uma comissão que julgou seu currículo e deu a ele o título de graduado em ciências biológicas por equivalência universitária. Mesmo contratado como técnico, sem ter feito curso de graduação, Camargo tornou-se mestre (1978) e doutor (1991). Posteriormente, em 1996, foi admitido como docente na FFCLRP/USP após prestar concurso.

Os desenhos de João Camargo ilustraram capas e miolos de numerosos livros em edições nacionais e internacionais. Em 1972 lançou o Manual de apicultura (Editora Agronômica Ceres), como organizador. Orientou oito mestrados, oito doutorados e dois pós-doutorados e foi visitante na Universidade Federal do Maranhão.

Sua colaboradora mais constante foi Silvia Regina de Menezes Pedro, a quem orientou no doutorado e com quem trabalhou nos últimos 21 anos na USP de Ribeirão. Silvia é hoje quem mais conhece a Coleção Camargo. “O acervo foi sendo ampliado nas viagens e grandes expedições de coleta organizadas por ele, financiadas principalmente pela FAPESP e CNPq, no Brasil e no exterior, com a colaboração de alguns pesquisadores, técnicos e ex-orientandos, além de intercâmbio com museus e outros cientistas”, conta. O acervo total é estimado em 250 mil espécimes de abelhas. Desses, 150 são de Meliponini neotropicais, as abelhas sem ferrão, especialmente da Amazônia. “Trata-se de uma coleção única, em nível mundial, que inclui 800 peças de ninhos.”

Fonte: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=3988&bd=1&pg=1&lg=

domingo, 15 de agosto de 2010

Mel néctar dos deuses produzido por insetos




Ele foi como a energia elétrica para a Antigüidade. Nas casas e ruas, velas e tochas feitas com a cera das abelhas podiam ficar acesas durante horas. Também era um conservante de uso geral: servia para manter os alimentos, a pele e os mortos embalsamados em bom estado. Na medicina da época, era um remédio poderoso: como antiinflamatório e cicatrizante de ferimentos, para curar queimaduras e uma série de doenças, de gripes a fraqueza. Era ainda alimento, adoçante e ingrediente indispensável em doces e salgados.

Então, subitamente, no final da Idade Média, o mel desapareceu do uso humano. Começava a era do açúcar de beterraba e, depois, da cana-de-açúcar. Embora a sua propriedade de adoçante fosse apenas uma entre tantas outras, o mel caiu no esquecimento também como remédio e alimento.

O século 21 o está reabilitando em escala mundial. Estados Unidos e Europa são grandes importadores do mel de países como China (primeiro produtor do mundo) e Brasil (quinto maior exportador para os EUA). Nos últimos dois anos, nossas exportações quadruplicaram, apesar dos embargos impostos pela União Européia. Vendemos o quilo a US$ 1,74. A cera e a própolis, em torno de US$ 100 o quilo. O equivalente em barril de petróleo valeria US$ 16 mil, um preço fantástico comparado ao do ouro negro.

E os usos do mel nestes tempos são os mesmos da Antigüidade, com exceção do embalsamamento de cadáveres. Duas colheres de sopa por dia servem para fixar o cálcio no organismo - por esse motivo ele era utilizado como fortificante pelos antigos. Uma gota de geléia real ao dia estimula o tônus sexual. Gotas de própolis aplicadas externamente fazem desaparecer rugas e cicatrizes.

Uma colméia de abelhas, com 50 mil indivíduos, é tão asséptica quanto uma sala de cirurgia, apesar da temperatura constante de 37º C no seu interior. Isso se deve à própolis, resina que as abelhas colhem de brotos de plantas e botões de flores. Elas a utilizam para dar rigidez à estrutura da colméia e vedar fendas. Como a resina é antibiótica, nenhum germe se propaga na colméia.

Em 2005, pesquisadores da Universidade de Zagreb, na Croácia, descobriram que a própolis é capaz de reduzir tumores cancerígenos. Inoculada em células cancerosas de ratos de laboratório, a substância reduziu de 62 para 15 as metástases, quase o dobro do obtido pela quimioterapia convencional - de 62 para 28. Os pesquisadores decidiram então combinar a própolis com quimioterapia, e conseguiram reduzir as metástases para apenas quatro! Estudos em células humanas já estão em curso.

SABE-SE QUE a própolis possui mais de 300 substâncias ativas, entre elas flavonóides, polifenóis e antioxidantes. No ano passado, cientistas da Universidade de Bochum, na Alemanha, anunciaram que a molécula CLU502 destruiu in vitro as células de um neuroblastoma, tipo de câncer cerebral que ocorre sobretudo em crianças. Células sadias não foram danificadas. A pesquisa continua.

Onde existem abelhas e colméias é porque o equilíbrio ambiental está mantido. Elas são suas sentinelas. Estudos feitos na França estimaram que 74% das colméias existentes no país foram abandonadas pelas abelhas em 2006, por motivos diversos: falta de espécies arbóreas que as atraíssem, parasitas, excesso de pesticidas nas plantações e, talvez, ondas eletromagnéticas emitidas pelos telefones celulares. Essa forma de radiação estaria interferindo nos sistemas de vôo das operárias. Em conseqüência, não acham mais o caminho de casa e morrem de fome.

Depois de recolher o pólen das flores, as operárias depositam fermentos lácteos sobre os grãozinhos, como se faz para preparar a massa do pão. O resultado é mais que um pão: cada 100 gramas de massa de pólen têm a proteína de sete ovos ou de um bife de 400 gramas de carne de boi.

O pólen é um estimulante do sistema imunológico, por conter vitaminas B, C e E, oito aminoácidos essenciais e o selênio, antioxidante raro na nossa alimentação. Contém ainda carotenóides com propriedades antiinflamatórias. Examinada em laboratório, verificou-se que a massa de pólen tem entre 1 milhão e 10 milhões de unidades de fermento lácteo por grama, o que a torna um probiótico igual aos iogurtes. Ótimo para a digestão e a flora intestinal.

Pesquisadores de Toulouse, na França, provocaram uma inflamação no cólon intestinal de ratos de laboratório; um grupo recebeu a massa de pólen de abelhas e o outro foi alimentado sem ela. O primeiro grupo teve 30% menos lesões que o segundo.


Detalhe de um favo de mel. O produto natural é usado como remédio e alimento desde a Antigüidade.
PRODUZIDA POR operárias jovens nas glândulas da cabeça, a geléia real é uma poção quase mágica. À medida que a fabricam, as operárias a depositam sobre uma larva de abelha até seu completo desenvolvimento. Nasce então uma abelha rainha. Em outras larvas, o processo é interrompido e ela será uma abelha operária.
O efeito antifadiga foi demonstrado em 2001 por pesquisadores do laboratório japonês Pola, ao escalarem dois grupos de ratos de laboratório para provas de natação. Deveriam nadar até cansar. O que foi alimentado com geléia real sempre nadava mais tempo que o outro.

A geléia real é composta principalmente de proteínas e aminoácidos (50%), antioxidantes e lipídios (cerca de 5%). Seus ácidos graxos estimulam o sistema imunológico. Pesquisadores franceses, em parceria com o Instituto Max Planck, de Munique, na Alemanha, descobriram que ela age sobre vários tipos de vírus, entre os quais os da herpes, hepatite B e influenza. No Japão, o Instituto Fujisaki descobriu que a vida média de ratinhos de laboratório alimentados com geléia real é maior que a dos que não a receberam, graças à sua ação antioxidante, que retarda o envelhecimento celular.

Na Ásia, a apipuntura, irmã da acupuntura, é tão popular quanto esta. A prática tem 2 mil anos e consiste em picar determinados pontos com o ferrão de abelhas presas cuidadosamente por pinças. Após algumas sessões, cada uma com 20 picadas, a dor desaparece. Quem se habilita? A explicação: o veneno contém proteínas, enzimas, ácidos e peptídeos que agem sobre o sistema nervoso. Mas há risco de choque anafilático, uma reação alérgica potencialmente fatal.

Na Coréia do Sul, em 2007, um grupo de cientistas anunciou que o veneno de abelhas tem um importante potencial no tratamento de doenças neurodegenerativas. No Egito, sua ação está sendo pesquisada para o tratamento da psoríase, uma doença da pele. Os resultados são bons e os efeitos secundários, mínimos e toleráveis, segundo os responsáveis pelos estudos.

O mel é tradicionalmente utilizado como sedativo para a dor de garganta. Mas pouca pessoas sabem que é também um excelente laxativo e um aliado nos tratamentos para emagrecer. Cem gramas de mel geram 300 calorias, contra 400 do açúcar. Além disso, é um potente bactericida. Ele vem do néctar colhido das flores pelas operárias, que o transportam no esôfago. Hospitais do Reino Unido e da França utilizamno para a cicatrização de feridas e cortes cirúrgicos.

O PROCESSO É DESCRITO cientificamente. O açúcar expulsa para a superfície os líquidos que congestionam os vasos sangüíneos e uma enzima do mel, a glucose oxidase, transforma esse açúcar em peróxido de hidrogênio - a água oxigenada - e ácido glucônico, criando um meio desfavorável à proliferação de germes, mas propício ao crescimento de células de cicatrização. Em 98% dos casos as feridas se fecham em três ou quatro semanas. Ao contrário dos antibióticos químicos, o mel não causa resistência bacteriana.

Em tempo: o mel utilizado para esse fim não pode ser exposto à luz ou calor. O de casa, portanto, não serve. A procedência também conta muito. Pesquisadores da Nova Zelândia, em conjunto com a Universidade de Bonn, na Alemanha, estão testando a eficácia do mel de manuka, arbusto de cujas flores as abelhas produzem um mel que seria cem vezes mais ativo do que qualquer outro.

Materia publicada na revista Planeta edição /outubro de 2008

sábado, 14 de agosto de 2010

Antídoto para o veneno de abelha

Correio Braziliense
Márcia Neri
Um século após a descoberta da especificidade dos soros antiofídicos pelo sanitarista Vital Brazil, que são responsáveis por evitar a morte de milhares de vítimas picadas por serpentes nos quatro cantos do planeta, o Brasil continua referência em imunologia. Cientistas brasileiros desenvolveram e produziram o primeiro soro contra veneno de abelhas do mundo.Depois dos testes em voluntários, o produto deve chegar aos hospitais em um ano.
O soro, desenvolvido a partir de uma parceria entre o Instituto Butantan, a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp),poderá salvar pacientes atacados por enxames. Testes feitos em laboratório provaram que o antídoto neutraliza 90% dos danos à saúde causados pelas ferroadas das abelhas africanizadas, espécie mais comum nas Américas. A novidade chegou em um momento importante.
Em todo o Brasil, os casos de ataques (acima de 50 picadas) e de feridos com risco de morte vêm crescendo e já preocupam o Ministério da Saúde. Dados revelam que em 2008 foram registradas 13 mortes decorrentes de acidentes com abelhas. Em 2009, o número saltou para 50. As serpentes, animais peçonhentos que mais matam, fizeram 106 vítimas no ano passado. Ao contrário do que se imagina, a maioria das investidas dos enxames ocorre na zona urbana. Em 63% dos casos notificados, a vítima é do sexo masculino, com idade que varia de 20 a 49 anos.
A bióloga Keity Souza Santos, responsável pela pesquisa, explica que cientistas de todo o mundo perseguiam o desenvolvimento do soro contra o veneno de abelhas há mais de uma década. Segundo ela, a complexidade da substância venenosa produzida pelos insetos voadores exigiu uma investigação detalhada da composição e do mecanismo de ação da peçonha.
— O veneno em si é conhecido há muito tempo. O desafio foi identificar todas as proteínas presentes no composto, uma mistura com mais de cem componentes. A partir daí, foi possível trabalhar para conseguirmos um soro que neutralizasse o máximo de propriedades tóxicas — explica Keity.
O protocolo desenvolvido por Keity — método usado para a obtenção do soro — já está patenteado. Até agora foram produzidos 80 litros do medicamento. Os cientistas trabalham no terceiro lote do antídoto. Os resultados dos testes do produto serão enviados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável por validar as provas em laboratório e autorizar o uso em seres humanos. Isto só ocorre depois de a agência testar três lotes do produto.
O processo de produção do soro antiveneno de abelhas é similar ao do antiofídico. Após a identificação das proteínas, o veneno é injetado em cavalos. Os animais desenvolvem anticorpos, que são as moléculas capazes de neutralizar a substância venenosa.
— Quando o teor de anticorpos atinge o nível desejado, retiramos o sangue do animal para a extração do plasma. O soro é obtido a partir da purificação e da concentração desse plasma — define Keity.
As hemácias são devolvidas ao animal por meio da plasmaferese, técnica que reduz os efeitos colaterais provocados pela retirada do sangue e que também foi desenvolvida no Butantan. O antídoto é aplicado na veia do paciente. Cerca de 20 mililitros trazem ao corpo os anticorpos capazes de neutralizar o veneno.
Dependendo da idade e do peso do indivíduo, 30 microgramas de veneno são suficientes para colocar a vida em risco. Cada abelha injeta até dois microgramas da substância no corpo da vítima. Além da dor, se a pessoa não for alérgica, uma ferroada não causará mal algum ao organismo.
— O soro é destinado apenas a indivíduos atacados por um enxame. Nesse caso, a quantidade de veneno é suficiente para lesar rins, fígado e coração, podendo causar a falência múltipla dos órgãos. Atualmente, os acidentados ainda são tratados com drogas e terapias que variam de analgésicos a hemodiálise — acrescenta a pesquisadora.