A Pas­ta­gem apícola

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flor de arbusto - Astra­péia

O conhe­ci­mento da flora local é impor­tante para conhe­cer as prin­ci­pais fon­tes de néc­tar e pólen, sua abun­dân­cia, a sazo­na­li­dade (suces­são de flo­ra­das para pro­du­ção e manu­ten­ção do apiá­rio) bem como saber quais os outros ani­mais e espé­cies que com­pe­tem por este recurso, para ava­liar as pos­sí­veis con­seqüên­cias ao ini­ciar um apiá­rio em uma região.

A abun­dân­cia das flo­ra­das e a sua dis­tri­bui­ção durante o ano faz com que este seja o ítem mais impor­tante neste estudo do meio ambi­ente. Dele depende todo o desen­vol­vi­mento de uma col­méia, para cul­mi­nar tanto em pro­du­ti­vi­dade como em qua­li­dade dos pro­du­tos. Por isso, uma cri­a­ção de abe­lhas somente cresce e rende eco­no­mi­ca­mente se exis­tir um per­feito conhe­ci­mento de uma pas­ta­gem apí­cola rica, esca­lo­nada, vari­ada e extensiva.

1 foto Vas­soura; 2 foto Trevo-branco

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Nor­mal­mente a melhor flo­rada e abun­dân­cia ocorre na pri­ma­vera e verão e a qua­li­dade do mel depende das espé­cies que a com­põe. Com flo­res escas­sas as abe­lhas pro­cu­ram outras fon­tes de ali­mento como por exem­plo, exsu­da­ção de cocho­ni­lhas, seiva de cana de açú­car recém cor­tada, melado, fru­tas, etc., pro­du­zindo o pseudo mel.

3 foto Bra­ga­tinga; 4 foto Açoita-cavalo

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O mel genuíno é ape­nas aquele pro­du­zido a par­tir dos nec­tá­rios das plan­tas, e refere a qua­li­dade do mel depen­dente da alti­tude. Nas regiões de bai­xas alti­tu­des, méis menos sua­ves, como por exem­plo na bai­xada flu­mi­nense, do que nas regiões ser­ra­nas. Des­tas regiões exem­pli­fi­cou a região de lta­ti­aia onde alti­tu­des com apro­xi­ma­da­mente 2.000 m, região de ótimos méis. As alti­tu­des mais con­ve­ni­en­tes seriam entre 300 e 1.200m.

5 foto Euca­lipto; 6 foto Assa-peixe

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Uma col­méia pode pro­du­zir de 30 a 300 kg de mel, mas com toda tec­no­lo­gia atu­al­mente é raro pas­sar de 70kg/colméia/ano. Exis­tem mais de 20.000 espé­cies de plan­tas pro­du­to­ras de néc­tar e pólen no Bra­sil. Em algu­mas regiões esta vege­ta­ção sofreu uma grande devas­ta­ção, tendo sido subs­ti­tuída por vege­ta­ção secun­dá­ria. Por isso, a ava­li­a­ção da pas­ta­gem apí­cola é fun­da­men­tal na implan­ta­ção de um apiário .

7 foto Car­queja; 8 foto Angico

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As plan­tas res­pon­dem a diver­sos estí­mu­los, entre eles:
a) Res­posta foto­pe­rió­dica
b) Ver­na­li­za­ção (indu­ção de gemas flo­rí­fe­ras pro­vo­cada por bai­xas tem­pe­ra­tu­ras)
c) Soma tér­mica (a soma das tem­pe­ra­tu­ras ocor­ren­tes entre a tem­pe­ra­tura mínima basal e a máxima basal).
d) Con­di­ções de stress (seca por exem­plo)
e) Entre outras con­di­ções que afe­tam a flo­ra­ção pode-se lis­tar a ação do fogo, ou de roça­das ou gea­das tar­dias que podem retar­dar a flo­ra­ção de algu­mas espécies.

9 foto Aro­eira; 10 foto Amor-agarradinho

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Em algu­mas regiões se des­taca a bra­ca­tinga, foto 1, (Mimosa sca­brella), vas­sou­rão branco (Pip­to­carpa angus­ti­fó­lia) e vas­sou­rão preto (Ver­no­nia dis­co­lor) em outras o assa peixe (Ver­no­nia ine­qua­lis), e as vas­sou­ras e car­que­jas (Bacha­ris spp.) ou por cul­tu­ras exó­ti­cas, tanto de flo­res­tas (Euca­lip­tus spp.) foto, 3, como de plan­tas anu­ais como, colza, giras­sol, trigo mou­risco, trevo branco e outras.

A espé­cie de maior impor­tân­cia apí­cola atu­al­mente tem sido o euca­lipto, devido a sua abun­dân­cia, diver­si­dade de espé­cies e pela grande pro­du­ção de néc­tar, cobrindo quase todo o ano com flo­res, prin­ci­pal­mente no outono, época em que existe escas­sez de flo­res em algu­mas regiões.

Das 300 espé­cies de euca­lipto, pelo menos 20 espé­cies com­ple­tam os 12 meses de flo­ra­ção no ano. Para que flo­res­çam em abun­dân­cia, os plan­tios de euca­lipto devem ser mais espa­ça­dos, de 5m entre plan­tas pelo menos; o ideal seria um espa­ça­mento de 6×6 m.

11 foto Butiá; 12 foto Maria Mole

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Nas diver­sas esta­ções do ano temos as prin­ci­pais espé­cies de euca­lipto que se des­ta­cam:
Inverno: Euca­lip­tus citri­o­dora, E. ros­trata
Pri­ma­vera: E. ros­trata, E. tere­ti­cor­nis e mais 6 tipos de E. alba.
Verão: E. alba, E. cama­du­len­sis, E. lon­gi­fo­lia
E. vimi­na­lis (é con­tro­ver­tido, se exsuda néc­tar ou não)
Outono:E. robusta - ter­ras úmidas, E. alba

São clas­si­fi­ca­das por gru­pos, por exem­plo, aborda as plan­tas apí­co­las nos seguin­tes grupos:

As plan­tas nati­vas, Árvo­res fru­tí­fe­ras nati­vas, Plan­tas de bre­jos, banha­dos e lagos ou rios. Plan­tas de cam­pos sujos, pre­cur­so­ras dos matos, lnços des­pre­zí­veis: car­queja, maria mole.
Espi­nhei­ros: unhas de gato, espi­ni­lho, Árvo­res em capões e flo­res­tas de gale­ria, Cipós e tre­pa­dei­ras, plan­tas par­sa­ti­tas.
Os angi­cos, açoita-cavalos, cam­ba­rás, e mui­tas outras, Cul­ti­va­das: trigo mou­risco, colza, giras­sol, trevo branco, cor­ni­chão e outras.

As plan­tas apí­co­las nos seguin­tes gru­pos: plan­tas agrí­co­las, flo­res­tais, orna­men­tais e as inva­so­ras que com­pe­tem pelos inse­tos poli­ni­za­do­res.
Outra forma de estu­dar as plan­tas apí­co­las e localiza-las em com­pên­dios de botâ­nica sis­te­má­tica seria agrupá-las pelas suas famí­lias, divi­dindo em dois gran­des gru­pos: as nec­ta­rí­fe­ras e as poli­ní­fe­ras abor­dando inclu­sive o ren­di­mento de mel por área, em algu­mas delas.

Plan­tas nec­ta­rí­fe­ras:
Leguminosas,Angico, bracatinga,Alfafa: 300-400 kg mel/ha,Meliloto: 500 kg de mel/ha, Trevo branco, lnga­zeiro, Rosá­ceas, Amei­xei­ras, maci­ei­ras, Perei­ras: 100 kg de mel/ha , Labi­a­das, Bor­ra­gi­ná­ceas
Com­pos­tas (Aste­rá­ceas), Giras­sol: 50-70 kg/ha, Assa peixe, cam­bará, car­queja, vas­soura, Erva lan­ceta, Cru­cí­fe­ras , Colza, Nabo sil­ves­tre, Rutá­ceas , Mir­tá­ceas, Araçá do campo , Cereja, pitanga, gabi­rova e goi­a­beira ,Gua­mi­rim, Murta, Ana­car­diá­ceas , Aro­ei­ras e bugreiro, Lau­rá­ceas, Poligonáceas

Plan­tas Poli­ní­fe­ras:
Sali­cá­ceas, Sal­seiro (Salix hum­bold­ti­ana), Pal­má­ceas, Buti­a­zeiro, coqueiro do mato , Gra­mí­neas, Grama for­qui­lha (Pas­pa­lum nota­tum), Legu­mi­no­sas: unha de gato, Onze horas

Con­cen­tra­ção de açú­car no néctar

As abe­lhas pre­fe­rem flo­res com maior con­cen­tra­ção e volume de néc­tar e esta vari­a­ção depende de planta para planta (espé­cie) e de região para região.
Nos euca­lip­tus os açú­ca­res variam de 30 a 60%. Con­cen­tra­ções de açú­ca­res no néc­tar:
• 20% - Fraca
• 20-30% - regu­lar
• 30-40% - boa
• 40-50% - muito boa
• + de 50% - ótima
Alto teor: Euca­lipto, giras­sol, amor agar­ra­di­nho, os citros e outras. (Veri­fi­car Nova Apicultura)

Volume diá­rio de secre­ção de néctar

Nec­tá­rios
Tama­nho dos nec­tá­rios
De sexo mas­cu­lino geral­mente exsu­dam mais néc­tar
Idade da flor ideal quando ocorre a matu­ri­dade do ová­rio
Ausên­cia de feri­men­tos
Con­di­ções edá­fi­cas (nutri­en­tes e umi­dade do solo)
Perío­dos de luz (Flo­ra­ção ade­quada)
Tem­pe­ra­tura entre 25 a 32 0C.
Umi­dade Rela­tiva do ar
Alti­tude
Dias lon­gos
Ven­tos úmidos.
Hora do dia. As pre­fe­ri­das são as que exsu­dam néc­tar durante todo o dia.

Fato­res repe­len­tes que pos­sam afu­gen­tar as abe­lhas
Na alfafa, devido a mor­fo­lo­gia flo­ral. (CAMARGO)
Mos­cas e vespas.

Con­di­ções cli­má­ti­cas nega­ti­vas como: ven­tos, neblina e outros que
difi­cul­tam o vôo:
Ven­tos for­tes.
Neblina.
Baixa tem­pe­ra­tura (Abaixo de 5 0C).

Para uma pro­du­ção de mel subs­tan­cial, é neces­sá­rio uma flo­rada maciça num mesmo período , segundo Prof WIESE. Porém, geral­mente estas flo­ra­das não duram mais de um mês e alguns flu­xos não duram mais de cinco dias.

O cafe­eiro do mato, por exem­plo, tam­bém cha­mado de chá de bugre (Case­a­ria sil­ves­tris) é uma planta com flo­rada de curta dura­ção, pois ela não dura mais do que uma semana. Ele reco­menda que deve-se ter um local pró­prio onde sejam ano­ta­das sema­nal­mente as plan­tas mais pro­cu­ra­das e a inten­si­dade da pro­cura pelas abe­lhas, para pre­ver o manejo ade­quado do ano seguinte.

Fonte: WIESE, H. Nova api­cul­tura. Edi­tora Agro­pe­cuá­ria. Porto Ale­gre. 1985.

zoo­tec Anthero/10

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